Três desejos
Tudo começou em uma antiga cidade do Oriente. Nidala, um comerciante voltava para casa depois de um dia inteiro de negócios. Mal sabia ele que estava por vir a maior barganha da sua vida.
Ao lembrar de uma negociação que não tinha dado tão certo quanto ele queria, Nidala chutou uma pedra em uma reação ao seu próprio pensamento. Para sua surpresa, não era uma pedra. Sim, exatamente como você pensou: era uma lâmpada mágica. Claro que, ele ainda não sabia disso. Elas não veem com uma placa de identificação.
Nidala olhou para a lâmpada e pensou que ali estava mais um bom produto para o seu comércio. Era só dar uma boa lustrada e… Sim, apareceu o grande gênio da lâmpada mágica e disse que, a partir de agora, Nidala teria direito a três desejos.
Como todo bom negociante, ele pensou em pensou em barganhar. E como toda barganha começa com um valor absurdamente alto para se ter alguma margem, Nidala falou que queria infinitos desejos. Para sua surpresa, o gênio disse que aquele desejo era uma ordem. Ah, se toda negociação fosse assim tão fácil.
O seu primeiro pensamento foi ser absurdamente rico. Claro, tão óbvio. Logo, Nidala estava no maior palácio da região. Tão imenso que para ir do seu quarto até o salão de festas, era preciso ir de camelo. O problema era a sujeira que ficava pelo caminho. Problema, logo resolvido com o desejo de ter camelos mais limpos, capazes de recolher sua própria sujeira.
Provavelmente, Nidala foi o primeiro rico excêntrico da história. E a maioria dos ricos fica assim simplesmente por tédio. Sem contar com a discriminação implícita na diferença de termos. Nidala só se tornou excêntrico depois de enriquecer. Se tomasse atitudes semelhantes quando era um simples comerciante, seria considerado louco, mesmo.
Outra prova da sua excentricidade foram os eventos corridas de cavalo organizados em seu palácio. Claro que já existiam corridas de cavalo antes. Mas pela primeira vez, as montarias e cavaleiros trocavam de lugar em um espetáculo bizarro que misturava força e paciência por parte do público. É, quando Nidala teve a ideia, parecia que seria mais divertido.
Ele também tinha um invejável harém e, em seu desejo, incluiu a condição de que suas mulheres fossem todas amigas. Afinal, pensou, alguém tão rico e poderoso não deveria ter que se preocupar com problemas menores como intrigas, ciúmes e outras desavenças que poderiam surgir dentro do seu próprio palácio.
Nidala fez seu palácio virar um grande salão de festas, com banquetes extravagantes, bailes à fantasia, espetáculos circenses. O melhor é que nunca faltava nada e, quando estava cansado, não precisava nem acabar com a festa. Bastava ir para o seu quarto e desejar não ser atrapalhado por nenhum barulho. Automaticamente, as paredes do palácio se transformavam em anti ruído como se fossem de um estúdio de gravação som.
Em cada cômodo da sua moradia existiam tapetes mágicos: bastava varrer a sujeira para baixo deles que ela automaticamente sumia. De verdade. Depois, os tapetes mágicos ganharam a função de voar e dessa forma prática, Nidala conheceu o mundo inteiro. Ele se intrigou com as diferentes culturas que existiam e soube que com a sua lâmpada, poderia ter o melhor de cada lugar quando quisesse.
Não existiam limites para o que poderia ser feito. Até mesmo nevou no deserto, o que possibilitou às pessoas montarem divertidos bonecos e brincarem de guerra de bola de neve. E nem era inverno. Aliás, não existia mais estações do ano, tudo poderia mudar totalmente a qualquer momento.
A satisfação de Nidala não tinha limites, ele teve a certeza de que nunca mais ficaria entediado em sua vida. E logo depois de ter essa certeza, ele percebeu que estava entediado há algum tempo. Tudo acontecia exatamente como ele queria e exatamente por isso, tudo era previsível. Ele desejou ter algumas surpresas na vida, mas após algum tempo, começou a desconfiar sobre o quanto aquelas surpresas poderiam ser melhores ou simplesmente, diferentes.
Após muito pensar, a única alternativa encontrada por Nidala foi desejar que ninguém pudesse fazer mais de 3 desejos. A tentação de elevar seu poder ao infinito era maravilhosa na teoria, mas na prática não funcionava tão bem. E é por isso, meus amigos, que existe a regra contra a possibilidade de se ter desejos sem fim e, com certeza, você não conhece ninguém que encontrou uma lâmpada capaz de oferecer poderes ilimitados.
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