Bem-vindo ao sanatório


- Bem-vindo, colega. Como você pode ver, aqui é a área de convivência, em que os nossos pacientes podem se distrair à vontade. Cada um deles têm suas particularidades e precisam de cuidados especiais. Em alguns dias, tenho certeza de que você já vai notar seus hábitos individuais. Está vendo aquela ali andando? A cada hora ela passa pelo mesmo local, nunca falha. Se reparar bem, vai perceber que é incrivelmente pontual, tanto que alguns ajustam seus relógios de acordo com esse movimento dela. Curioso, não? Pelos nossos estudos deve ser algum tipo de transtorno obsessivo compulsivo combinado com os outros problemas psicológicos dessa pobre mulher. Alguns pacientes têm hábitos extremamente saudáveis e aproveitam ao máximo as nossas estruturas. Dois deles são muito atléticos podem ser encontrados na maioria das vezes nas quadras ou correndo pelas áreas verdes. Em nossas discussões, algumas teorias sugerem que eles têm a síndrome de Peter Pan e pensam ainda ser jovens precisando gastar muita energia. Obviamente, a parte física não consegue enganar tão bem quanto a psicológica e, obviamente, eles aparentam o que são: homens de meia idade. Existe inúmeros casos curiosos por aqui. Por exemplo, aquele ali na cozinha. Ele adora colocar maçã e outras frutas na salada. Uma excentricidade disfarçada de finesse. Você já deve ter visto alguns grandões por aqui. Coitados, eles pensam ser policiais. Aqui neste lugar pacífico existe todo tipo de paciente. Alguns muito cultos, capazes de conversar sobre os mais diversos e complexos assuntos. Em alguns casos, eles têm vários diplomas, inclusive. O que faz todo o sentido, afinal, eles são loucos, não são burros. Você vai perceber que são todas pessoas amáveis, só que um pouco confusas. As línguas mais maldosas muitas vezes dizem tratar-se de loucos de pedra, mas eu acho esse termo abominável. De qualquer forma, você vai adorar trabalhar aqui.
- Trabalhar, é? Que ótimo, acho que vou adorar, mesmo. Mas… Você ainda não me disse qual é o seu nome.
- Que indelicadeza a minha! Prazer, sou Napoleão.
- Muito prazer, Napoleão. Sou Ramsés II e não vejo a hora de ajudar a cuidar dessas pessoas de uniforme. Elas realmente parecem perdidas no mundo.

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