Corrida presidencial


Estava decidido. Era hora dos Estados Unidos finalmente darem um novo passo. Depois de séculos de aprimoramento do que os gregos ousavam chamar democracia, mesmo excluindo mulheres e escravos. Isso sem contar o fato de existirem escravos na Grécia Antiga.

O lado bom é que aconteceu uma grande evolução e realmente foi possível experimentar décadas de uma democracia mais próxima do ideal. O lado ruim é que, mesmo assim, os eleitos continuavam muitas vezes sendo políticos com pouca ou nenhuma competência, além de intenções altamente duvidosas.

Foi então que alguém deu a grande ideia. Tanto na Idade Antiga quanto na Idade Média, muitos governantes foram escolhidos entre os melhores guerreiros do povo, em desafios épicos. Nesse modelo, pelo menos uma forma de competência era testada em seu limite.

Era preciso um modelo parecido com o de tempos antigos. Claro que, sem a violência que nossos antepassados selvagens adoravam. A solução deveria ter algo mais avançado, um toque mais condizende com a nossa condição e principalmente, pretensão evolutiva. Assim, foi decidido: o próximo presidente da nação mais poderosa do mundo seria determinado em uma partida de Mario Kart.

O mundo parou para ver aquilo que seria a evolução da democracia. De um lado, Tidem. Do outro, Brump. Os dois lados que batalhavam em furiosos debates e nas redes sociais finalmente, teriam uma forma realmente confiável de encontrar um vencedor. Não importava mais quantas pessoas queriam votar, o poder dos colégios eleitorais e nada disso. Habilidade é o que faria o próximo eleito.

Depois de semanas de treino, os dois candidatos estavam prontos para a disputa. Em um estádio em Washington D.C., sem a presença do público, mas com transmissão para todo o mundo. As casas de apostas registravam recordes em um evento político e as probabilidades permaneciam equilibradas. Como analisar com precisão algo tão novo? Era impossível, tudo estava nas mãos do destino.

Chegou a hora, Tidem e Brump lado a lado. E a corrida começou. Apesar da semana de treino, o nível técnico dos competidores realmente parecia muito ruim. Enquanto um tinha grande dificuldade em alcançar velocidade, o outro se preocupava mais em buscar cascos de tartaruga e cascas de banana para jogar no adversário do que realmente correr.

Depois de algum tempo que exigiu grande paciência por parte dos espectadores, os dois chegaram à reta final. Tidem estava na frente, e conseguiu superar as bananas jogadas por Brump. Algumas, inclusive fora do jogo, o que não estava previsto nas regras estabelecidas para o evento. Ainda assim, Tidem estava a ponto de ganhar e seria o novo presidente dos Estados Unidos.

A poucos segundos da vitória, Tidem caiu em um sono profundo. Rapidamente cochilou e até mesmo roncou um pouco. Neste exato momento, o público incrédulo viu o personagem de Brump cruzar a linha de chegada. Brump com as mãos para o alto estava comemorando, mas estranhamente ele não carregava nenhum joystick.

Logo, a câmera se deslocou e revelou que outra pessoa havia jogado a reta final no lugar do Brump. Um repórter tentou entrevistar o invasor misterioso, mas ele não entendeu nada, porque só falava russo. E foi assim que, mais uma vez, o Partido Republicrata ganhou a corrida presidencial.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cachorro 2.0

O cavalo encantado

Roubo perfeito